Falar do coração é das coisas mais complicadas que podes
tentar fazer. Quando ele está preenchido de energias boas, bajulas o amor, o
sentimento e tudo transborda de felicidade. Quando é o contrário, ele
transborda de tristeza e dá-te uma dor que pensas que nunca mais vai passar. Que
o respirar custa a cada instante. Que não mais queres te apaixonar para bater
com a cara. Que não mais queres perder o chão e te sentires nas nuvens. Porque as
desilusões abanam o coração qual tremor de terra em pleno auge. Choras dias a
fio e parece que vais morrer. Tens aquela sensação de perda do que não volta,
do que te morreu ainda que vivo esteja. Queres desistir de tudo. E quanto menos
queres pensar em quem to partiu mais te fica na cabeça, te preenche o pensamento
e te cerca a vida. O coração dá-te do melhor ao pior. Faz-te sentir maravilhas
como te faz sentir a pior pessoa do mundo, nem que seja do teu. E queres tirar
a faca que lhe espetaram mas como a concentração está no sofrer não tens forças
suficientes para o conseguir fazer. E tens a tendência de pensar em como tudo
foi bom, como tudo poderia continuar a ser bom, mesmo quando olhas para trás e
isso ficou aí mesmo, lá trás. O coração devia dar-nos coisas boas. Apenas. Simples.
Como eu gostava que fosse possível seleccionar. Não é. Uma pena. Uma tristeza. Uma
dor. É isto.